"Para que a memória não esqueça os que fizeram grande este pequeno Portugal"

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Condado de Portucale

Houve, no actual território de Portugal, ao longo do processo de reconquista, dois Condados Portucalenses ou Condados de Portucale distintos: um primeiro, fundado por Vímara Peres após a presúria de Portucale (Porto) em 868 e incorporado no reino da Galiza em 1071, após a morte do conde Nuno Mendes (e que embora gozando de certa autonomia, constituiu sempre uma dependência do reino das Astúrias/Leão/Galiza), sendo sensivelmente equivalente ao actual Entre-Douro-e-Minho).

A reocupação e possível reconstrução ou fortificação de Portucale verificou-se após a presúria de Vímara Peres, em 868, vivendo, a partir de então, um próspero período da sua história: daí partiu toda a acção de reorganização, bem sucedida, e nalguns casos de repovoamento, para além dos limites da antiga diocese nela sediada, quer ao norte do rio Ave, quer ao sul do rio Douro. Por esta altura, o território designava-se já de Terra Portugalense. Pouco a pouco são alargadas as fronteiras do território que, neste sentido, confinava com outros territórios (Braga, Lamego, Viseu, Terras da Feira e Coimbra).
A reconquista permitiu também a restauração diocesana, tendo os bispos de Portucale sido instalados numa pequena povoação chamada Magneto (a qual os especialistas fazem corresponder com a actual Meinedo, no concelho de Lousada).
Apenas dez anos decorridos sobre a reconquista definitiva de Portucale tivesse sido tomada a cidade de Coimbra e erigida em condado independente às mãos de Hermenegildo Mendes; a sua posição de charneira entre os mundos cristão e muçulmano permitiu uma vivência de maior paz no Entre-Douro-e-Minho. As campanhas do Almançor, em finais do século X, porém, fizeram recuar a linha de fronteira de novo até ao Douro.
Na segunda metade do século XI, reconstituiu-se ao sul o condado de Coimbra (que incluía não só a cidade do Mondego, como ainda as terras de Lamego, Viseu e Feira), sendo entregue ao conde (ou alvazil, segundo outros documentos coevos) Sesnando Davides, um moçárabe valido do rei Fernando I de Leão e Castela, que conquistara definitivamente a cidade em 1064 (este condado viria mais tarde a ser incorporado no Portucalense).
Paulo Merêa refere a existência de documentos comprovadamente encontrados na província de Ourense, na Galiza, nos quais surge a referência expressa a terras situadas em Portugal, ou seja, ao sul do rio Lima, e que então pertenciam, e vieram ainda a pertencer durante algum tempo, no âmbito da organização eclesiástica de Tui, repovoada durante o reinado de Ordonho I.
O repovoamento da Terra Portugalense ocorreria no tempo de Afonso Magno, sob o governo de Vímara Peres e seus descendentes.

Condes de Portucale:
(Nem sempre em linha recta, mas recorrendo às vezes à sucessão congnática):
  • Vímara Peres (c. 868-873)
  • Lucídio Vimaranes (filho do precedente - 873-?)
  • Onega Lucides (filha do precedente) ∞ Diogo Fernandes (?-antes de 924)
  • Mumadona Dias (filha dos precedentes) ∞ (926) Hermenegildo Gonçalves (também chamado Mendo Gonçalves, filho do conde Gonçalo Afonso Betote)
  • Gonçalo Mendes (filho dos precedentes) (c. 950-999; em 997 intitula-se magnus dux portucalensium)
  • Mendo Gonçalves (filho [ou neto?] do precedente) (999-1008) ∞ Tutadona Moniz
  • Alvito Nunes (descendente de Vímara Peres, casado com a condesa Tutadona Moniz) (1008-1015)
  • Ilduara Mendes (filha de Mendo Gonçalves) ∞ Nuno Alvites (filho do precedente) (1017-1028)
  • Mendo Nunes (1028-1050)
  • Nuno Mendes (1050-1071) - último conde da família de Vímara Peres; derrotado pelo rei Garcia da Galiza na batalha de Pedroso.
(As datas entre parêntesis indicam o período durante o qual existem documentos assinados pelo conde em causa, e que permitem assim determinar o seu tempo de governo).

(texto de “Condado Portucalense" Wikipédia)

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